quinta-feira, setembro 30, 2010

Eu havia me surpreendido primeiro, porque imaginando os instrumentos penetrantes e invisíveis que são as palavras em nosso ouvido a fertilizar nossa imaginação de formas, cores e dos sentidos nos quais elas estão envolvidas, fiquei a pensar que elas são, assim, como instrumentos de qualidade masculina, fálica e, imediatamente me remeti a uma passagem do mito judaico-cristão da criação do mundo em que Deus ao dizer algo como façam-se os céus, nesse seu ato seminal, os céus, então, são feitos no interior da grande cabeça cósmica que é o universo, os céus que envolvem a terra.
Quer dizer, generoso leit@r, a palavra, aí, nesse episódio, é como uma primeira flor andrógina que reunisse a qualidade masculina de fertilizar e a qualidade feminina de gerar os céus sobre a terra, tudo, ao mesmo tempo.
E, depois, Simone me lembrou haver, ainda na Bíblia, uma passagem chamada “parábola da semeadura” em que as palavras são tidas como sementes que fertilizam as mentes dos fiéis e tal. Ainda assim, nesse lance, como semente fertilizante, de caráter masculino, elas não perdem o aspecto de androginia, porque fiéis são gerados da boa nova e tudo. Quer dizer, generoso eleit@r, hoje é o último dia pra votar.
Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris?
Vote e ouça:

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quarta-feira, setembro 29, 2010

Ontem, fiz o que deveria ter sido um nhoque, para jantarmos hoje, dia 29, e ficarmos ricos. O meu nhoque ficou igual àqueles bolinhos do café da tarde, que já ouvi chamarem de bolinhos de chuva. Quer dizer, ficou tudo disforme, bom leit@r.
Vou tentar acertar no molho, então.
E meu generoso eleit@r:
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terça-feira, setembro 28, 2010

Acordei tarde hoje e não iria fazer café, mas, aí, fui e fiz.
Ficou gostoso.
E não sei se devo ir nadar, porque acabei de curar uma gripe e ta muito frio, então, não vou.
Sou fã da voz do Jota Quest e das bandas que ouço no rádio do ônibus é o que prefiro. Acho que ele desenvolveu o som tradicional da Jovem Guarda e, ontem, quando iria saindo do ônibus, perguntei ao motorista qual era o número daquela rádio, porque eu queria continuar ouvindo em casa.
Não ouço rádio em casa e, ontem, quis ouvir.
Assim que entrei, tive que ir na Dorinha, perguntar a ela onde estava o rádio e ela veio e achou pra mim. Mas não encontrei aquela estação que ouvia no ônibus, porque o motorista resmungou um número que não entendi qual era e, aí, fiquei ouvindo a Nativa FM, que é a rádio que a Dorinha ouve, quando vem me ajudar a arrumar a casa.
Eu gosto muito de música americana, não gosto de samba, nem de Tom Jobim.
Vote, hoje, em mim, generoso leit@r:
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segunda-feira, setembro 27, 2010

Quando vira o tempo e faz frio aqui, lembro da vez em que estive fazendo shows em Linz, na Áustria, patrocinado pela MAIZ, uma Ong voltada para direitos de mulheres imigrantes que lá vivem.E, aí, bom leit@r, olhando vídeos daquela cidade, descobri que fiz show no mesmo palco que Kurt Kobain, um centro cultural independente chamado Kapu, o Stadtwerkstatt, veja eu tocando Maluca com a letra em alemão projetada atrás e no post embaixo o kurt kobain:

O Kapu é aí dentro:

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BREED - Nirvana live@kapu,Linz [part11] 11/20/89

domingo, setembro 26, 2010

Minhas elucubrações sobre leitura perduram na minha cabeça, como a trepadeira sobre as telhas da casinha dos fundos, e vai tomando sua forma. Não são elas, assim, o tapete verdejante e cheio de viço que cobre as telhas velhas da casinha dos fundos, mas ainda chegarão lá, minhas elucubrações, erva daninha, por onde periga esconderem-se os ratos?
O meu bom leit@r há de ser tolerante e ter paciência com minhas selvagens elucubrações. Não me alongarei muito com elas sobre as telhas velhas, porque mesmo eu, não tenho paciência para muito tecido, para muita enrolação e, como todos aqui sabem, o click para fechar a página de meu Blog Azul ou, como dizem, o click de ser levado pra porta da rua dessas páginas de letras verdes é serventia da casa.
Ontem, pelo telefone, quando eu falava para Simone sobre a menina a ler, que para mim é um abajur, Simone, então, semeou sobre o telhado de minhas elucubrações a Parábola da Semeadura, bom leit@r.
Quer dizer, assim como a menina a ler acende-se num abajur, minhas velhas telhas começam a germinar a semente da ramagem da viçosa trepadeira.
Pode?

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sábado, setembro 25, 2010

Às vezes, tenho essa mesma impressão que a Lu Caruso deixou no comentário de ontem, de “que todo livro é uma espécie de buraco negro, só que do tipo de buracos negros que a gente pode sair. Porém, nunca voltamos como éramos antes”, e de que o livro é assim como um ralo de pia do qual preciso resistir para não ser sugado, mas aí, depois saio ileso, quer dizer, fisicamente, ileso.
E tenho pensado também, ultimamente, no movimento inverso.
O de que nós leit@res sejamos o buraco negro para onde o livro vai ser sugado, como se a gente fosse, assim, uma vagina.
Ou, pra ser um pouco punk e unissexual, cloaca.
E, aí, esses dois movimentos invertidos: o da penetração do livro em nós e o da penetração do leit@r no livro, se equivalem. Somos ao mesmo tempo vagina e pênis, falo e cloaca, andróginos hermafroditas na hora de ler.
É isso!


E minha campanha continua: Vote em mim, generoso leit@r!
E não deixe de ouvir minha imperfeita "Cinema Íris", generoso leit@r. Pode-se votar uma única vez no dia.Já votou hoje Luís Capucho+Cinema Íris? http://abarata.com.br/adm/enquete/Default.asp

sexta-feira, setembro 24, 2010

Continuo pensando a respeito de leitura, então, a imagem é a seguinte:
A menina está na rede a ler o livro que sua amiguinha não quis lhe emprestar.
Para Clarice Lispector não é mais uma menina com um livro, é uma mulher com seu amante.
Para mim a menina é um abajur.
Se ligou à corrente que veio do livro e se iluminou, se acendeu, se cristalinizou, se intumesceu, se assoberbou.
A menina pulsa luz, ela estela. Se liga, presente do verbo estelar...
É isso aí!


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quinta-feira, setembro 23, 2010

Sobre o telhado da casa abandonada ao lado da minha há uma trepadeira que cresce sua ramagem sobre os telhados vizinhos e a casinha dos fundos precisa sempre podar o mato, com medo dos bichos, e de novo a trepadeira se instala sobre ela. É muito bonito.
A trepadeira costura-se num tapete sobre as telhas e a única alternativa para a casinha dos fundos, com medo dos ratos, seria ir até à casa abandonada e tirar o mato pela raiz. Mas, não. Então, precisam viver a podar.
Moral da história: as coisas são o que têm de ser.


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quarta-feira, setembro 22, 2010

Ontem, vi uma xerox do manuscrito de Amor de Perdição, livro que o escritor português Camilo Castelo Branco escreveu durante o seu tempo de prisão por adultério. Já comentei com meu silencioso leit@r sobre minha curiosidade por um livro escrito na prisão e tudo. Entretanto, fiquei surpreso com a segurança da grafia do escritor. Sua caligrafia é tão direita e bem desenhada que se tem a impressão de que foi escrita no conforto de um escritório, em casa, de janela aberta para o jardim. Não há nenhum sinal de emoção nela, nada que denotasse alguém privado de liberdade.
Que coisa!


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terça-feira, setembro 21, 2010

Não sabia se queria levantar de minha cama essa manhã, mas senti que o dia seria bonito e levantei. Ao fazer meu café delicioso, quebrei minha melhor taça de beber vinho: é pequena e bojuda. Quer dizer, era...
Não entendo porque a temperatura pode machucar as mucosas no fundo de meu nariz. Me enrolei todo no edredon pra dormir, ontem, porque estava muito frio. Mas para poder respirar bem, mantive minha cara sem cobrir. Minha cara dormiu no frio do quarto, enquanto meu corpo estava bem agasalhado.
Resultado: acordei com o fundo de meu nariz machucado, dolorido.
Que coisa!
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segunda-feira, setembro 20, 2010

Ontem, eu e Pedro fizemos uma gravação bem legal para registro de “Formigueiro”, aquela música que eu havia perdido e que restaurei, porque a encontrei toda deformada numa fita que gravei na casa do Cabeto, da vez em que fui tocar em Campinas, com Luciana Pestano.
Pedro, que é mais perfeccionista, quer gravar outra vez e, aí, eu também quero.
E preciso entender como faço pra mostrar pros meus bons leit@res.
E não deixe de ouvir minha imperfeita "Cinema Íris".
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domingo, setembro 19, 2010

Enfim, minha parede

verde!
Ainda sem carinhas...















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sábado, setembro 18, 2010

Eu estava de há um tempo, pensando, a partir de umas leituras em sala de aula, na semelhança entre ler um livro e trepar.
Aí, neguinho vai dizer:
- Mas o Luís transforma tudo em sexo!- e não é isso, silencioso leit@r, não é...é que realmente é semelhante. E não sou o único que faz essa viagem. Clarice Lispector tem um conto sobre uma menina deitada na rede lendo um livro, que termina desse jeito:
“ Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante.”
E, ontem, achei um texto que diz o seguinte:
"O falo lacaniano é assim um conceito lingüístico. O discurso é falocêntrico. Portanto, ter um falo significaria estar no centro do discurso, gerar significado, ter o domínio da linguagem, controlar e não conformar-se a aquilo que provém de fora, do Outro. A distinção entre falo e pênis é importante para a questão..."
Esse texto ta nesse endereço:
http://www.scielo.br/pdf/cpa/n16/n16a12.pdf
Ta se ligando, bom leit@r?
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sexta-feira, setembro 17, 2010

Agora, a parede verde ficou a esperar que eu tome a iniciativa de colocar minhas carinhas nela.
Aí, como essa parede, quando ficou esculhambada pela umidade e pelo conserto da umidade, esculhambou toda a ordem de minha casa, fico achando, que devo esperar, antes de começar outra vez a esculhambá-la com minhas carinhas, a ordem se estabelecer, afinal, em todos os pontos de seu entorno, quer dizer, de meu lar.
Tenho a impressão de que sempre há o que organizar, sempre há mais o que fazer e que deixei para trás coisas pra serem feitas e, novamente, que deixei em ordem para o trânsito, apenas o caminho do padre passar.
E, enquanto o padre vai passando, fico parado olhando, curtindo seu desfile de batina preta, com as coisas todas por fazer, porque é preciso respeitar esse processo, esse tempo que as coisas têm pra ficarem prontas e a contento, para só, então, eu tomar, de novo, a minha iniciativa de alteração.
Daí, a impressão de não fazer nada, silencioso leit@r, embora o moinho esteja rodando e eu esteja sendo triturado pelo movimento do padre passando serelepe, às vezes, contrito, pelo estreito caminho que reservei pra ele.
Que coisa!

Além disso, quem não votou hoje, ouça e vote lá:
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quarta-feira, setembro 15, 2010

Finalmente, Seu Valmir veio e deu a segunda demão de tinta na minha parede. A idéia de mamãe de colocar verde nessa parede foi magnífica!
A parede mesmo ficou imperfeita, porque ficaram vestígios da infiltração, buraquinhos e o fato de a umidade ter fortalecido a cor em pequenos pontos, mas a cor ficou demais.
E sobre a imperfeição, já me acomodei mesmo a uma teoria de que a estética é imperfeita. Desde quando reparei na frase pronta - nada é perfeito.
Por que, então, a estética seria?
E, aquele meu leit@r que ainda hoje não tenha votado na minha imperfeita “Cinema Íris”, ouça-a e vote nela!
Vote no Cinema Íris:

http://abarata.com.br/radio_barata_festival_bandas.asp

É isso!

terça-feira, setembro 14, 2010

Ontem, a caminho de casa, depois de ter apresentado o meu trabalho sobre leitura, vinha terminando de fazê-lo. Tarde, porque a apresentação já tinha acabado e não se poderia voltar atrás.
Mas eu teria de ter dito o que eu achava: que a linguagem é uma prisão. Não tem como fugir, não se pode querer ficar mudo. A gente tem de se sujeitar a ela. E, aí, eu pensei que deve ter sido sob essa consciência que aquela atriz famosa disse aquela frase que ficou famosa também:
- I want to be alone – e, aí, ela iria ficar em casa lendo um livro.

E quem ainda não votou hoje, vote e ouça:
Vote no Cinema Íris:
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segunda-feira, setembro 13, 2010

sábado, setembro 11, 2010

Quando eu nasci e invadi o mundo com o meu primeiro choro, pelo buraco de minha boquinha sem dentes, foi quando o mundo, então, começou a me invadir também. Eu o invadia com o meu choro inicial e ele me invadia, antes de tudo, de ar, de atmosfera.
Naquela hora, me pluguei a ele, que já vinha existindo pelos séculos afora e que, simultaneamente, se plugou a mim, através de meus buraquinhos do corpo, quando eu olhava para a mancha do vulto que era mamãe, quando eu sentia o seu calor e cheiro, por meus buracos, o mundo entrava em mim, ao mesmo tempo em que meus humores, meus dejetos, meus barulhinhos e as minhas coisas todas possíveis de serem geradas no corpinho que eu era, saíam de mim, pelos meus buraquinhos e ocupavam, junto comigo, o pequeno espaço do mundo que eu tinha à margem de mamãe, que tinha as mãos mais veludosas e azuis de todo o universo e que ela gostava de passar ao leo em mim, às vezes, sobre os meus buraquinhos tenros e suaves, rosas, de bebezinho. Pode-se dizer que esse meu início tenha sido de puro sexo e, isso, foi do que mais gostei.

Vote em mim, generoso, leit@r!
Vote no Cinema Íris:
http://abarata.com.br/radio_barata_festival_bandas.asp

sexta-feira, setembro 10, 2010

Recebi outro e-mail do Barata:

"O link estava errado, amigo! Veja o certo...
http://abarata.com.br/radio_barata_festival.asp

Eu me inscrevi com a música "Cinema Íris, generoso leit@r. Vote em mim!
Genorosos leit@res,
Como outro dia disse aqui, me inscrevi no 1º Festival de Música Independente da web. E, hoje, recebi um e-mail do Barata:

“Está aberta a partir de hoje a votação popular para a escolha das 12 melhores músicas do 1º. Festival de Música Independente A Barata e Rádio WULP. Até o dia 30, os visitantes podem escolher suas preferidas.
Para votar, acesse:

http://abarata.com.br/adm/enquete/voteshow.asp?id=1
A melhor será escolhida, dentre as 12, pelos programadores e produtores da Rádio WULP.
Abrazzzzzzzzz”

quinta-feira, setembro 09, 2010

Minha casa ficou um brinco, depois que Dorinha veio.
Minha vizinha de janela me deu umas cadeiras que ela achou no lixo e reformou.
Ficaram na sala.
Tenho umas coisas pra fazer na casa.
Fui.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Dorinha veio fazer faxina, mas Seu Valmir não veio dar a segunda demão de tinta na parede, onde quero fazer carinhas.
Aproveitei que Dorinha estava na faxina para mexer n’alguns guardados.
As caixas de coisas guardadas tão ficando pequenas pra tanta coisa de que não quero esquecer. Quando éramos nômades, tínhamos muita coisa que levávamos de lá pra cá, de cá pra lá e que foram se perdendo no caminho. Aquelas bugingangas eram responsáveis por eu ter uma história, que sem elas, não tenho mais, ta se ligando, bom leit@r?
Os cantos da casa estão pequenos pros guardados. Tenho que jogar fora. Ai, ai, ai...

segunda-feira, setembro 06, 2010

Os meninos do sul mandaram bem no “Amor é Sacanagem”.
Eu me lembro de estar cantando essa música na varanda dos fundos de uma casa em que morávamos em Papucaia. A casa tinha um quintal enorme, cheio de galinhas e frutas e eu estava com a idéia de fazer uma música, uma melodia, ao estilo de Terezinha de Jesus, que sempre adorei e que tinha desaparecido das rádios.
Mamãe estava na cozinha, enquanto eu cantava trezentas mil vezes a música, compondo a letra palavra a palavra, bloco a bloco de melodia, mamãe não ligava, estava acostumada a quando eu fazia música e repetia não sei quantas trezentas mil vezes um mesmo trecho, acrescentando, excluindo, modificando, corrigindo e tudo e depois que ficava pronta, cantava mais não sei quantas trezentas mil vezes pra ver se tinha ficado realmente boa, mas, aí, bom leit@r, naquela hora, chegou uma visita e me pegou naquele estado em que eu só admitia pra mamãe.
Morri de vergonha. Parei na hora!
Mas já estava pronta...
Que susto!

"O amor é sacanagem" (Luís Capucho) Cado Selbach e Luís Valério

domingo, setembro 05, 2010

- Não faço cortesia com o chapeu dos outros – mamãe dizia.
Isso devia ser um ditado cunhado no século XIX, quando era moda o uso dos chapeus. Mamãe tinha um dito pra cada situação e uma vez anotei alguns. Outros eram tão legais que nem anotei, gostei tanto que coloquei para o meu uso.
Eu adoro esse:
- O diabo só caga em monte grande!- e, aí, fico na expectativa de que meu monte fique enorme, que é para o diabo fazer muito, muito cocô nele.
Quer dizer, seja que santo for, ora pro nóbis.

sábado, setembro 04, 2010

A cada dia, curto mais a minha parede verde, onde colocarei minhas carinhas.
E, olha, Seu Walmir nem ainda deu a segunda demão de tinta nela.
Ontem, de noite, olhando através de minha janela a parede de minha Vizinha, que pinta flores gigantes, achei que ela tinha em sua sala uma parede igual a minha e telefonei-lhe pra falar sobre isso.
Ela foi definitiva:
- Não, Luís. O meu verde é mais seco e escuro que o seu! – então, olhei melhor através de nossa janela, e concordei.
Agora, que consegui achar uma das minhas apostilas de uso escolar, que se perdeu com a pintura da parede, na bagunça que se criou na sala, voltei a dominar, absolutamente, minha situação.
Sentia uma aflição grande com a apostila perdida e a parede por fazer.
Achei a bichana embaixo da poltrona e, imediatamente, tornei-me senhor da casa, outra vez.
Controlo a bagunça do caldeirão em que ela se tornou, mexendo feito uma cozinheira a panela de angu e atento ao momento de ele ficar no ponto de servir.
Depois, bom apetite!

sexta-feira, setembro 03, 2010

Finalmente, Seu Walmir veio e deu a primeira demão de tinta na minha parede. Eu estava grilado se essa tinta iria ficar boa nela, porque não encontrei a cor que mamãe queria, mas ficou.
Depois, quando ele fizer o arremate, começarei a fazer minhas carinhas ali.
Minha casa, inexplicavelmente, ficou, e acho que tudo em função dessa parede inacabada, como era o mundo em desordem, antes que deus criasse toda a beleza, dizendo:
- Façam-se os céus!- e os céus se fizeram.
- Façam-se as plantas!- e elas se fizeram.
- Façam-se os peixes!- e tudo.
Então, o caos de minha casa tem a expectativa de se ordenar, assim que eu fizer as carinhas na parede. Enquanto isso, eu vivo nas trevas, como um morto na geléia dos infernos.
Cruz credo!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Quando eu era menino, na roça, o saci-pererê era um espírito assombrado que aparecia nos pastos, na beira do rio, passava pelo terreiro, atrás das moitas, das paredes, das janelas, corria no brejo, no cume dos morros ventosos e tinha o mesmo horror pra mim que o horror que me causavam as almas penadas e os demônios.
Eu sabia que eles eram os redemoinhos de vento, mas, contrariamente, os redemoinhos não me assombravam. Achava-os lindos e curtia.
Mas, aí, nessa semana vi, no jornal do meio dia, um que me deixou assombrado.
Cruz credo!
Veja, bom leit@r:

Fire tornado hits Brazil

quarta-feira, setembro 01, 2010

Fiquei filosofando metalinguísticamente sobre o jacarandá de Lu Caruso.
Faz muitos anos, eu estava voltando do Ceará, de ônibus, e sentou-se uma menina de Curitiba, a meu lado. Não me lembro do percurso, exatamente, não sei se a menina viajou a meu lado por toda a viagem, mas lembro dessa menina de Curitiba falar-me das palavras absolutas. E que isso me impressionou muito. Achei, por isso, que as meninas de Curitiba eram muito mais inteligentes que as meninas de Niterói.
Sei que a menina de Curitiba me explicou que deus era uma palavra absoluta, pelo fato de nunca ninguém tê-lo visto e, por isso, não se saber quem ele seja, daí a palavra deus não ter ao que se referir e, por isso, valia por ela própria, ta se ligando, bom leit@r?
E fiquei pensando se a Lu não teria transformado jacarandá numa palavra absoluta, sem referente a que ela possa se encaixar e, aí, quando ela ouve jacarandá, já é a coisa.
Fui.