segunda-feira, dezembro 31, 2018

Clea - kali C./luís capucho

Gosto de fazer músicas com letras minhas, mas demoro um
pouco mais pra isso, por ficar muito crítico com elas. Por isso, os meus
parceiros costumam ser mais letristas que melodistas. Eu, particularmente, acho
que o dono da canção é mesmo os que fazem a melodia, porque mesmo que as letras
sejam o que leve a canção pra dentro de uma pessoa, é a melodia que tira ela de
estado de apenas poema. Ou que tira ela de seu estado de apenas letra. Porque
um letrista pode ser um poeta, mas, não, um compositor.
Então, eu faço isso com as letras-poemas de meus parceiros e
as canções são minhas. A única pessoa que coloca melodia em letra minha é a
Kali C
ompositora.
Ante-ontem, estivemos tocando com ela, que mostrou pra gente a Clea musicada.

                                   
Clea
(Kali C./luís capucho)

Clea me disse que o mundo é de Deus
Que a luz elétrica é divina
Que os meus gestos não são meus
Nem o de suas meninas
Que tudo é alheio a nossa vontade
E quando fazemos amor é por nessecidade
Ela me disse que o mundo é mal e isso ela não explicou
Muito bem
A gente iria continuar e a vida iria ficar pra trás
Nós tínhamos que comemorar o início do verão
Muito bem
Tudo sem controle.

Eu, Marcela e Marcia a acompanhamos no violão. Simon e Pedro
e Ana ficaram curtindo.


Vejam:

quinta-feira, dezembro 27, 2018

fonemas

Eu tinha pedido a meus parceiros
da época que me dessem letras muito simples, que eu conseguisse traduzir com
minha voz monocórdia e com os meus poucos acordes. Eu tinha acabado de fazer a
Inferno(luís capucho/Marcos Sacramento), minha primeira música nessa segunda
versão de mim mesmo, onde nem estou mais.
E estava muito satisfeito, eu
estava muito satisfeito mesmo, porque tinha voltado a conseguir compor.
Fiz a segunda música, quando
Sacramento me deu a Fonemas.
E, no mês passado, eu, Felipe e
Lucas, apresentamos ela no Palco Lapa 145. Eu curti demais sair do banquinho e
violão, na guitarra que o Lucas levou. Mas depois da terceira música, quando
uma corda dela arrebentou e voltei a me sentar para continuar as outras músicas
no violão, vi que tem uma coisa muito legal também de mostrar as músicas nele,
que é de onde as músicas originalmente saem.


Vejam:

Eu fiz a Parado Aqui, quando morava em Papucaia. Tinha só o primeiro verso da letra, que era uma coisa que eu tinha tirado de uma música do Roberto Carlos, não me lembro qual nem porque, e fui construindo bem devagarinho o corpo dela, até ao fim, quando, enfim, ela some dentro de nada. Quando não existe mais. Parado Aqui.
Ontem, subi ela no Cifras Club:

sábado, dezembro 22, 2018


A gente ganhou o Tótem, quando estava mostrando as músicas à epoca do lançamento do Poema Maldito. Foi quando, de verdade, comecei a ficar mais envolvido com esse negócio que é mostrá-las. Usar a palavra negócio, agora, é no mesmo sentido que eu lhe dava, quando era um menino de seis anos e, aí, meu tédio ficava fazendo com que eu pedisse a mamãe, minha salvadora, um negócio. Então, ela entrava na dispensa de Dona Odaleia e saía de lá com um doce, uma guloseima, um negócio qualquer que me levasse mais pra dentro do meu prazer de garotinho, com esse meu mesmo olhar de hoje.
Quando o Alan me deu o Tótem para a apresentação das músicas, me avisou que era um falo e, aí, fui compondo todos os outros sentidos dele, porque a cada movimeto meu, a posição que ele toma é outra, mas sempre a importância de ser um marco, de ser um ponto de orientação, de chegada ou partida, um farol, por isso, tem pulsação, tem luz.
Esse lance de orientação para chegar e para partir que tem no Tótem, também sinto na minha Camisa de Fazer Shows, que começou a ser construída na mesma época e onda. Quer dizer, o Tótem também é em construção, como eu e como ela. E no De Casa em Casa que fizemos na casa do Marcio - isso em 2017 - a Débora, que trabalha com papel Marchê, ficou de me dar um colar rosa e azul, de marchê, que era pra os shows, e que ela me disse ter a ver com A Masculinidade (kali C/luís capucho), que tocamos, eu e Vitor Wutski, lá, no dia.
Ontem, de surpresa, chegou pelo correio, como presente de Natal!
Alegria absoluta um negócio desses! Obrigado, Débora!
Pedi Pedro que fotografasse.
Vejam:


terça-feira, dezembro 18, 2018

Pedro fez essa foto nossa, ante-ontem, durante a apresentação do Ave Nada, a junção das músicas com textos registrados no Diário da Piscina. Nela aparecemos eu, Felipe Mourad e Paulo Barbeto. Foi nossa terceira apresentação, que a cada vez vai ganhando mais asa, mais fôlego, mais corpo e mais espaço de voar dentro do seu universo para sempre mais expandido pela direção do Diêgo. Pelo olhar da Isabella. E por tudo o mais que alimenta o seu motor de coisa abstrata e concreta, real e ilusória, barroca e natural.

quinta-feira, dezembro 13, 2018

a masculinidade - Ave Nada

A gente não enxerga os processos e, quando eles dão, de surpresa, as caras, fica parecendo que eles saíram do nada. E quando é algo coletivo, fica mais parecido ainda com aparição. Porque tem a força de todo mundo e a gente junto é sempre ainda coisa mais desconhecida que a gente sozinho. O Ave Nada, em que acrescentamos música e teatro à leitura do Diário da Piscina (ed. É/2017) é meio assim.
Ou é inteiro assim, silencioso e distinto leitor.
Eu tou compartilhando aqui o Ave Nada que fizemos na casa da Claudia. Mas você sabe que o de domingo irá ser diferente, considerando que o processo é outro, tudo é outro, o lugar e a coisa.
Gostaríamos que todos viessem.
Será comunismo-comunidade, socialismo-socialidade, anarquismo-anarquiedade, sexismo-sexualidade, feminismo-feminilidade, homossexualismo-homossexualidade, transsexualismo-transsexualidade, heterossexualismo-heterossexualidade.
E tudo.
Vejam:

sábado, dezembro 01, 2018

Eu tou angustiado. E chateado demais. É assombrosa essa corja que foi colocada na presidência e o efeito cascata disso. Eu e Pedro, enquanto andávamos na rua, ouvimos gritar pra gente, num carro que passou:
- Olha o Bolsonaro!
A gente sabe que isso é apenas a superfície de ações bem mais, mas muito mais mesmo, covardes, perigosas, violentas, burras, dentro da estrutura pública do governo, mais fundas dentro do funcionamento da vida da gente, na rua e dentro de casa, todas resumidas no desrespeito pelas coisas que já são.
Eu tava olhando as pessoas passando na rua, outro dia. E tava vendo como que todo mundo é tão louco, como todo mundo é tão especial e interessante. E primeiro eu não entendi, não entendo, como essas pessoas assim tão brasileiras e diversas votaram nessa política que se anunciou tão escrota.
Segundo, eu tava vendo, olhando pras pessoas na rua, que elas não tinham controle, que é incontrolável pra onde os sonhos devam ir, tipo, eu não sei pra onde os sonhos vão, e não há como controlar isso, eles devaneiam na cabeça da gente, o coração batendo atrás e vocês votaram nisso, caralho, que angústia!
Ou a minha percepção é muito equivocada e sou um cara demais delirante e a verdade é que tudo é passível de ordem, de disciplina, disciplina, disciplina.

sexta-feira, novembro 30, 2018


Quando cheguei, vi um novo ser na minha casa. É tão pequeno que meus olhos de uveíte não vê boca e olhos e pernas e corpo e cabeça. Mas sabe que é uma aranha papa-mosca, morando comigo, agora, aqui. Fico feliz e enternecido por ter essa coisinha viva, comedora de mosquitos, em minha companhia. Mas tem um outro bichinho que mora comigo, também comedor de mosquitos e que, certamente, ainda não esbarrou com a aranhinha, e porque ela esta viva ainda. Uma taruíra!
Sobre isso de não ver boca, olhos, pernas e cabeça, também o mar é assim. E meus olhos de uveíte vê e sente a presença monstruosa, amedrontadora, cheio de onda, mas eu não tou, tou falando sério sobre o medo. A aranhinha não sabe ainda sobre a taruíra. E não há o que fazer.

sábado, novembro 24, 2018

LUÍS CAPUCHO & GUSTAVO GALO - PARA PEGAR ao vivo no Loki Bicho

Eu já tinha começado com a minha Camisa de Fazer Show e pra
esse show, em setembro de 2016, no Loki Bicho, em SP, tinha pendurado uma pedra
de pirita nela, que não sei como veio parar aqui, enquando me arrumava para
sair.
Esse registro foi feito pelo Joaquim Castro e me entusiasma
muito, me dá alegria, rever o modo como o Gustavo Galo e o Vitor Wutzki
estiveram comigo naquele dia e naquela hora.
A Para Pegar é uma música de garoto e ela tá no Antigo, além
de no ASA, do Gustavo. Hoje, ela ficou livre pra quem curte nosso som, ouvir e
ver.


Gratidão de verdade:

sexta-feira, novembro 23, 2018


Eu me orgulho, ao menos, de saber a última vez que vi o livro.
Eu tinha trazido ele para o computer para pesquisar sobre o cavaleiro Des Grieux e consegui encontrar isso aqui no histórico do browser, mas não fosse isso, não saberia quem tinha vindo buscar. O fato é que já revirei tudo e não encontro.
Que coisa!

quinta-feira, novembro 22, 2018


Eu não lembrava que pudesse fazer frio num final de novembro, no Rio de Janeiro. E ser desmemoriado me atrapalha bastante quando tenho de conversar, quando tenho que cumprir o ritmo, alinhar as coisas que são ditas nas conversas, aí, na grande maioria das vezes, não sei o que dizer, tudo fica desconexo pra mim. Comigo mesmo aqui e sem compromisso com a memória das coisas, vou no meu ritmo saturnino sem sentir que haja qualquer problema. Mas se estou entrado numa conversa, é apavorante!

quarta-feira, novembro 21, 2018


A Algo Assim é uma música que me serviu bem para traduzir o baque que me foi ter acordado do coma com incapazidade motora pra falar e tudo. Como não tinha mais motricidade pra tocar também, Mathilda Kóvak ajeitou algumas rimas e colocou melodia pra mim, no violão.
Em 2003 colocamos no Lua Singela e em 2008, eu e Pedro estivemos em Paquetá e fizemos esse vídeo, que ta no Cifras. 
Ela é facinho de tocar:

quarta-feira, novembro 14, 2018

pessoas são seres do mal - luís capucho

A Pessoas São Seres do Mal tem como fundo uma situação
minha, pessoal, mas à medida que a letra foi aparecendo e que fui construindo
com a melodia a canção, ela foi tomando um rumo que não era mais apenas o meu
momento e, aí, vocês sabem, é por isso que a gente faz música, pra sair do
encalacre que a gente entrou.


Pedro filmou no celular, vejam:

terça-feira, novembro 13, 2018

parado aqui - luís capucho

Eu me lembro ainda, de quando fiz a Parado Aqui. No início,
tinha uma lembrança de Roberto Carlos, para que eu construísse a sua letra. Mas
depois, fui tomando um rumo que dava mais conta da minha situação mesmo, de
como eu tava me sentindo e das minhas questões com a vida que levo. ou, que me
é levada.


É uma música que colocamos no Cinema Íris e gostei do modo
como a levamos na Casa Gramo, no último show. Também gostei do modo como Pedro
fez o vídeo, no jeito que ele tem de reparar nas coisas, invasivo, ao mesmo
tempo que empático:

segunda-feira, novembro 12, 2018


O nosso show na Casa Gramo, em SP, foi muito bonito, uma coisa é olhar e outra coisa é fazer. Eu adoro fazer e eu adoro olhar, então, toquei alguma coisa de olhos fechados e toquei músicas de olhos abertos. E encontrei e conheci gente que se relaciona com a minha música, então, encontrar essas pessoas, de frente com elas, falando comigo, me deixa mais forte. Também fiquei mais forte, porque conseguimos ir todos pra lá, o Vitor, o Felipe, o Lucas.
O Vitor foi quem deu a partida, aí, todos fomos num “é nóis”, além do Pedro Spagnol e Gui, no vídeo, o Boi, no som, o Beto com a casa, e o meu Pedro, na produção.


quinta-feira, novembro 08, 2018

A gente vai apresentar as músicas em SP, no sábado, agora. E eu tou feliz de ter conseguido que todo mundo vá. A gente já tocou com Lucas, já tocou com Vitor e já tocou com Felipe. Mas dessa vez estaremos todos ao mesmo tempo.
Vamos tocar músicas de meus discos que não tocamos há algum tempo, músicas que estamos sempre tocando e também, músicas que não estão em disco nenhum, músicas que não têm registro ainda. É sempre bom demais ir até outra cidade pra mostrá-las. Pedro é quem organiza e conduz. Você sabe, não sou um artista de sucesso. E outro dia o Felipe estava falando de um certo nosso fracasso empresarial. A gente tem criado um circuito doméstico, com algumas poucas entradas em casas de show e, dessa forma, temos sido do tamanho que a gente tem e temos ocupado o nosso lugar, na verdade, onde sempre estamos. Não somos bárbaros ou bélicos, não temos esse nariz em pé todo. Apenas força e coragem. Nossa música ainda é de ouvir. Então, convido aos amigos de São Paulo pra ir nos ver. Ver e ouvir. Se dançar, devagar.


terça-feira, novembro 06, 2018

a vida é livre - luís capucho no palco lapa 145

Sábado que vem, apresentaremos na Casa Gramo, em SP, esse
show que fizemos na lapa do rio, no fim de semana que passou. A vida é livre,
junto com Inferno, Fonemas, Bengalinha, Vai Querer?, Bichinhos, foi uma das
primeiras músicas que fiz nessa versão de mim mesmo em que eu estive com voz
monocórdia e dois ou três acordes.

Então, minha mãe estava comigo, pra que eu pudesse ficar brincando de fazer
música e de fazer livros. Mas também nunca foi uma brincadeira, porque as brincadeiras
são mais etéreas ou mais estéreis que fazer músicas e livros. Não sei. O certo
é que A vida é livre, mais as outras que citei acima, estão no meu disco Lua
Singela, que seria como ganhar todas as bolinhas de gude de um jogo de
triângulo, se isso fosse uma brincadeira.

Se tiver sido uma brincadeira, meus parceiros no jogo Lua Singela, foi uma
turma grande, e não tenho como agradecer estarem comigo. É só ver a ficha
técnica do disco.

A brincadeira que não é uma brincadeira, mas que também é, tem novos companheiros
que continuo não tendo como agradecer.

Venham todos os amigos da cidade mais domesticadamente selvagem do Brasil!

segunda-feira, novembro 05, 2018

Tinha uma brincadeira, quando eu morava em Alegre, no ES, acho que em 1968, que era assim, as meninas ficavam em roda, batiam três palmas e cantavam:

                                  "revolução (três palmas)
                                    vai ter (três palmas)
                                   se não disser (três palmas)
                                 o nome de (três palmas)
                                              uma religião...

... aí, cada menininha da roda tinha que dizer o nome de uma religião. E depois repetiam indefinidamente batendo as palmas e trocando os nomes. Nunca mais vi essa brincadeira depois daquele tempo. Não sei se era geral, se tinha em tudo que era lugar.
Alguém já viu?

domingo, novembro 04, 2018

a vida é livre - luís capucho no palco lapa 145

O show de ontem foi demais em todas as coisas, foi uma noite
muito bonita, com todos os erros dela. E quando os meninos chegaram, vieram com
uma guitarra, pra que eu fizesse o show com eles. Topei, mas depois de um
tempo, decidi pegar o violão de volta. E me sentei.
Minha camisa de fazer shows ganhou um botão dourado de
Claudia e no 1:31 min, dessa filmagem do Pedro, ele cintila nela, na altura do
peito. Esse show, eu sinto, é no mesmo circuito do que temos feito nas casas
dos amigos. E isso continuará no sábado que vem, na Casa Gramo, em SP. A vida é
livre!


Vejam:

quinta-feira, novembro 01, 2018


Amanhã, tocaremos eu, lucas e felipe, nesse bar à beira da Rua da Lapa. A gente já anda um tempo querendo lugar pra tocar. Começamos, no ínicio do ano, eu e Vitor, tocando na casa dos amigos – o que chamamos De Casa em Casa – e viemos com isso até agora. O Vitor teve que dar um tempo, mas o Felipe já estava com a gente e continuamos. Depois, veio o lucas.
Ontem, estivemos na Rua da Lapa para conhecer a Rosângela, a Dona do bar. Eu disse que tocaríamos música autoral e ela quis saber se era pra o pessoal dançar. Eu disse que não, que era pra ouvir. Mas que tem quem dance, se quiser. Aí, ela disse que também compunha e falou da casa dela, de quanto tempo tem o bar e das coisas que serve.
Todos temos muito respeito pela morte, tem a mesma grandeza de estarmos vivos. E vai ser a primeira vez que apresentarei as músicas no Finados. Quando saíamos do bar, conversamos sobre a nuvem negra sobre nós, com essa república. Aí, falamos que a nuvem negra foi sempre, porque, afinal, foi uma eleição, da nuvem negra. Vamos fazer o melhor disso. Vamos celebrar nossos mortos.
Na semana que vem, a gente se junta, os três, ao Vitor, pra tocar na Casa Gramo, em São Paulo.
Chega mais!


sábado, outubro 27, 2018


Ontem, no show da Raquel Martins que veio de SP e homenageou a compositora Luhli, da dupla Lulhi/Lucina. O meu circuito, dentro do show, também era da mesma homenagem e tê-la como sombra ou luz, na direção da Raquel, deixou tudo na maravilha: com muita água de cachoeira, homenagem do Rodrigo Bucair.
Fora isso, o astral da presença de cada convidado, todos no fluxo.
Obrigado, Raquel!


quarta-feira, outubro 24, 2018

Com exceção do Diário da Piscina (editora É/2017), meus livros não estão mais em catálogo. Por isso eu mesmo vendo os que ainda tenho comigo. Meus últimos Mamãe me Adora, os vendi há uns quinze dias, para a Biblioteca de um centro cultural trans, em Buenos Aires,  o Bachillerato Mocha Celis. Há muito não tinha o Rato(Rocco/2007) e hoje fiquei feliz de ter conseguido alguns pra ter comigo:

Embora não tenhamos a privacidade de uma casa somente nossa, temos agora uma sala, banheiro e cozinha, com geladeira, pia e fogão.
Se antes habitávamos apenas um quarto lá fora,hoje nossa parte da casa melhor se assemelha a uma residência comum. O fato de mamãe me adora é o que torna isso aqui um lar pra mim. Antes daqui, meu lar ainda era seu corpo, posto que sempre moramos no lar de alguma patroa. (Rato –pg24)

terça-feira, outubro 23, 2018


Eu gostei muito do governo do PT, porque é um partido democrata e porque foi durante o seu governo que se fortaleceram os movimentos sem terra, também do pessoal que não tem onde morar, as lutas identitárias, se fortaleceu as reivindicações do pessoal preto, do pessoal índio, do trabalhador, do pessoal da roça, essas coisas todas e também outras que eu não sei, e que, agora, é inacreditável que, independente desse lance de partidos de direita ou esquerda, os brasileiros quase todos queiram votar numa pessoa muito maluca, que é contrária a qualquer clamor que venha de encontro à moral e aos interesses doidos dele. E por conta de dizer que o PT é corrupto, acho que é muita inconsequência dos brasileiros botar todas as conquistas a perder. Porque corromper é do caráter da gente, todo mundo sabe disso. Por isso é que tem de haver vigilância, tem de haver tratos, que dificultem os roubos. E quem é que vai vigiar o governo do maluco, se ele é doido e sem controle?

sábado, outubro 20, 2018

Maluca (cifra)

A Maluca é a minha música mais conhecida, por conta de ter
sido gravada pela Cassia Eller e, por isso, de vez em quando me pedem sua cifra
no in box. Um rapaz acabou de me pedir, então, pedi ao Pedro que filmasse o
braço do violão, enquanto toco, do modo simples como faço, e subi no youtube,
agora. É pra quem quiser tentar, vejam:

quarta-feira, outubro 17, 2018


Acho uma total maluquice alguém que venha argumentar a favor do Bolsonaro aqui nas minhas postagens. Eu reajo às candidaturas que nem dormideira. Não dá gente. A minha relação com a política é a mesma da que tenho com o futebol, o samba-enredo e a música clássica. Pra mim é tudo igual. Ver uma partida de futebol, um desfile de escola de samba ou ouvir uma música clássica equivale, pra mim, a ver todas as partidas de futebol do mundo, a todos os desfiles de escolas de samba no Rio, e todas as músicas clássicas do mundo. Me fazem dormir, não tem sedução. Porque eu não tenho predileção por nenhuma dessas coisas.
Então, deixe de vir colocar comentários nas minhas postagens tentando diminuir os meus compartilhamentos. Essas coisas que eu ando compartilhando aqui é por que o Bolsonaro é a pessoa pública mais ignóbil que eu já vi na minha vida. Quem me conhece sabe que pouco compartilho aqui, senão os textos que eu mesmo faço no Blog Azul, então, agora, tenho feito compartilhamentos da rede. Mas é isso. Não tem volta. Não dá. Não dá pra ser dormideira com isso. Já é uma decisão bem desenhada. Eu tou vendo que o gigante acordou. Todo mundo sabe da ignorância dele. Então, pare. É escroto.

terça-feira, outubro 09, 2018


Eu sei que tem uma coisa de dizer que o voto é secreto, a gente vota numa cabine inviolável visualmente e tudo. Os meus candidatos a presidente e governador não estão mais participando da eleição, não tiveram votos suficientes e saíram da disputa. Eu não acompanho a política, quando vejo, já está tudo formado, e escolho com o bonde andando. Quando vi que o Guilherme Boulos estava ligado aos sem teto, quis imediatamente dar o meu voto a ele. Acho que é isso. Do meu ponto de vista, todo o resto se ordena melhor, se todos têm onde morar, um endereço.
Entre os meus amigos aqui, tem uma minoria que faz a política do Bolsonaro e a maioria, agora, é Haddad. A minha bolha não representa a maioria brasileira. Não vou ficar inimigo dos que votarão no Brucutu, se não são meus inimigos. Eu entendo que o brasileiro tenha apreço por essa masculinidade mais escrota, todo mundo sempre soube disso, isso sempre foi claro. Eu mesmo amo a masculinidade e com a kali c. fizemos até música pra isso. Mas isso de falar em colocar ordem com a violência, de colocar criancinha à mão armada, não dá, tou fora, ne.
Hoje, quando voltava pra casa, passou por mim um senhor com a camisa do Bolsonaro. Eu senti que ele como eu, não entendia ou não se ligava nas forças que vão formando a política. Achei que estava com aquela camisa por simpatia, como tenho simpatia pela atitude do Guilherme Boulos. O senhor e a maioria do povo brasileiro acredita que ser macho é de grande importância e que ser macho é ser Brucutu.
Vamos aguardar o desenrolar da história.

Meus livros para a Argentina e Cosme Velho

De agora em diante não terei mais Rato nem Mamãe me Adora comigo. Vendi meus dois últimos Mamãe me Adora para o Mocha Cellis - BACHILLERATO POPULAR TRANS, em Buenos Aires, na Argentina. E também para o Cosme Velho, no Rio.
Os livros acabando assim é uma sensação de dever cumprido. E de que o mundo se renova em outras coisas. Quando acabarem os meus últimos Cinemas Orly e Diários da Piscina, aí, será mundo novo total. Porque tendo-os aqui comigo, parece que me prendo neles.
E é preciso soltar, eu sei. Vida nova!

sexta-feira, outubro 05, 2018

Soltando o dia preso - Luís Capucho

Uma chuva fina, hoje, que, antes,
sempre me fazia sair de casa. Eu gostava muito de sair nos dias de chuva fina
assim e ficar andando pelas ruas... e terminar no Buraco? Acho que essa é a
idéia, muito loucamente, de “Soltando o dia preso”(Renato França/luíscapucho),
letra que fiz na época do Buraco – um lugar de encontro dos rapazes e moças
deslocados, aqui, da cidade de Niterói.
Esse registro é de setembro de
2017, quando eu e Pedro, viajamos de BH até Vitória, pra lançar nessas cidades
o Diário da Piscina. O registro é do Sesc Glória, em Vitorinha.
Eu teria muito o que dizer aqui,
agora, sobre postar essa música, hoje, no Blog Azul. Me vem à cabeça, falar das
pessoas todas, amigas, que junto comigo, com nossa iniciativa de viajar de
trem, terminou no que o Pedro registrou em seu celular e que coloquei no
youtube.


Fora isso, somos o que fazemos
com o que fizeram de nós – Sartre!

quarta-feira, outubro 03, 2018


Eu presto muita atenção nas coisas que estão próximas a mim. E se estou abstraído num livro, na internet, encontro informações esmiuçadas de pessoas e coisas e o que ta fora, ta fora, próximo ou longe. Posso também esmiuçar a mim mesmo e, nisso, todo dia eu vou tentando me organizar aqui, no apezinho, amiúde. Mas também muita ignorância, uma coisa, assim, ao mesmo tempo, obssessiva e sem saber.
Então, isso que ouço dizer, de a sociedade brasileira ser hospitaleira e alegre, eu sempre acho violenta, ameaçadora. Eu sei que aqui no apezinho está construído pra mim um ambiente protetor, a que os amigos vêm aumentar e dar calor. Mas o caso é o que é, sempre viver na ameaça.
Há uma loja, em Icaraí, de roupas para os empregados, assim, uniformes:
roupas de camareiras, de babás, de jardineiros, porteiros, tudo que é trabalho. É uma coisa violenta, ali, com a vitrine enorme dando pra rua. Porque não são roupas para noivos, roupas para senhoras de andar na rua, roupas de crianças, de juventude érótica e livre. Não são roupas, que lembrem a liberdade da vida e que se tenha o desejo de comprar.
São roupas meio que na escravidão.
Aí, a loja faliu.


terça-feira, outubro 02, 2018


Vi no jornal que Bolsonaro cresceu nas pesquisas de voto e cresceu entre as mulheres, depois das manifestações do dia 29. È uma coisa que, se a gente confia na informação, não dá pra entender.
Fora isso, tentando me organizar aqui, sempre pensando e sem saber por onde começar, quer dizer, tenho coisas pra começar e não começo. Por exemplo, desisti de começar pelas janelas ou pelas As Vizinhas de Trás. No fim, e sem saber a hora, começarei pel’As Vizinhas...
É uma coisa louca, ter escolhido pintar sempre a mesma coisa, mas é como viver todos os dias em que o sol nasce outra vez. O sol se repetir todos os dias é loucura?
É.

domingo, setembro 30, 2018


Foi meio um sonho, meio um pesadelo, a manifestação contra o Brucutu, ontem, na Cinelândia. De um modo ou de outro, a textura da tarde, o carnaval das pessoas juntas na praça, as palavras de ordem, a performance da menina nua com ele no corpo, tirando ele do corpo, os amigos que encontramos aleatórios, sem sentido, tudo muito lindo ali, mas depois, olhando ali mesmo, sonho e pesadelo, todos assombrados pela ideia do Brucutu, uma coisa pesada e violenta.
Depois, durante o caminho entre a




Cinelândia e a Praça XV, na enxurrada de gente que era desembocada na 1º de março, eu vi que o movimento era forte como um rio grande. Aí, eu perguntei ao Edil como é que a gente poderia usar aquela força, como se usássemos a força de um rio para uma hidrelétrica. Ele disse que não sabia se era manipulável. O lute como uma garota, cheio de garotos dentro, é um mistério grande.
Na volta pra casa, ainda viemos na onda. O coro das meninas na Estação das Barcas, o coro delas dentro das Barcas e o seu coro atravessando as ruas de Niterói.
Pedro fotografou a luta dela.
Pegamos o 30.
#lulalivre!

quinta-feira, setembro 27, 2018


A Vizinha de Baixo gritou para os passarinhos engaiolados que calassem a boca, e acordei. Os dias começaram a ser de não colocar a camisa para ficar em casa. Depois da montanha de Bactrim, meu rim piorou, aí, um dos médicos que me acompanhava, disse não poder fazer nenhuma intervenção no meu corpo, com o rim assim. E me deu alta. Me encaminhou para a nutricionista. Ela inseriu leite e aveia, na minha dieta.
Eu curti. Durante o inverno, teve um dia em que acordei com uma vontade louca de beber leite morno. E tomei. Foi só isso. Aí, quando ela disse que devo tomar leite, me lembrei. Também aveia. Falou de outras minúcias, mas não dei atenção. Só essa modificação já é bastante. Me ensinou a fazer um sal de ervas. Vou fazer.

quarta-feira, setembro 26, 2018

Um Cinema Orly para Jacarepagua:


Eu iria fechar a janela, pensei em fazê-lo, mas tive receio de que abafasse o quarto e não fiz. Iria fechar porque ele poderia se formar outra vez e voltar e me pegar dormindo. Quando o vento entra em golpes pelo quarto, à noite, acordo de nariz entupido, cheio de catarro e tudo. Tinha de fechar a janela.

terça-feira, setembro 25, 2018


Estava pensando, ontem, à noite, sobre o vento que entrou por minha janela. Veio uma corredeira de vento mais frio e parou. Então, eu me lembrei de um ano novo, talvez, 2016, na Praia de Icaraí, em que uns quinze minutos antes da virada, veio um vento, agradável no verão, que pela intensidade dele, dava pra ver que seu corpo tinha a envergadura de toda a praia. Era um corpo enorme, um bloco enorme de vento que pegava toda a extensão da praia, talvez, a cidade inteira.
Mas o vento que entrou, ontem, correndo por minha janela, não parecia estar no vale inteiro. Não tinha na minha impressão, um corpo grande assim. Eu estava muito atento a seu som, e percebia seu tamanho por ele. Parecia ser um vento que tivesse nascido no outro quarteirão, dentro do vale mesmo onde moro, um vento pequeno, que pudesse caber dentro de outro vento. E que parecia morrer logo aqui, dentro do apezinho. Fiquei muito atento ao corpo dele e meio com medo, quando ele tilintou uma garrafa, sem que parecesse ser ele. Depois, ainda sem parecer que fosse ele, uma lata soou, antes que ele tivesse morrido totalmente.
Isso foi, ontem.

E tinha pensado em fechar a janela...


Então, sobre as coisas que não se desdobram de minha janela, há dentre as muitas casas que vejo na rua de trás, fico parado em duas delas. E paro também numa árvore, que dá a impressão de ser uma árvore gigante, com um caule fortíssimo, que vá se abrir em muitos galhos de folhagem espessa, mas que ainda é um filhote.

segunda-feira, setembro 24, 2018

O sol já tá diferente, não é mais o sol que a gente procura na rua, de que a gente sente falta. Eu sinto que isso aconteceu há uns três dias, mais ou menos, em acordo com a entrada do que se convencionou chamar de Primavera. Da minha janela, entra os barulhos de longe e de perto. Os passarinhos engaiolados todos os dias, os cachorros ao longe, todo dia, os galos, os aviões, os ônibus, todo dia. Aqui no vale não há barulho que eu estranhe, daí, a verdade, é que há um silêncio, dentro disso, desse todo dia constante.
Não conheço os passarinhos engaiolados, não conheço os cachorros e os galos mais de longe, que estão vivos como eu. Também não conheço as pessoas no ônibus e as pessoas no avião, muito longe e rápido, no céu. Dentro do mundo onde estou, mais desconheço do que sei. E me sinto bem com isso. Consigo me mover aí, porque sou pequeno.
Se eu fosse maior e conhecesse mais as coisas, teria mais espaço para me locomover. Eu me locomoveria melhor nos espaços em que quisesse, por exemplo, voar. Como o sol. Também um vivo, como eu. E que ficou diferente, mas voltará a ser o sol que procuramos, no próximo inverno. É preciso viver cada etapa do ciclo, em seu ritmo, respirar no ritmo, bater o sangue no ritmo.
Da minha janela tem as coisas que eu ouço sem ver e tem as coisas que eu vejo. São coisas que não se desdobram em outras e são sempre as mesmas. Os aviões e as maritacas vêm todos os dias voar no e sobre o vale, e esses acontecimentos, não se desdobram em outros.
Essa foto, Pedro, tirou.
E é dos meninos Álvaro e João fazendo cena no 8º Festu:

sábado, setembro 22, 2018

A gente vai assistir aos meninos João e Álvaro apresentar a cena O Desvio Autoritário de Uma Idéia: Daqui pra Lá não Existe Meu Mundo, no 8º Festu- Festival de Teatro Universitário. Eles usaram A Música do Sábado (kali C/luís capucho) para completar o título e João me disse que ela também estará na cena, quer dizer, não podemos perder isso, será uma alegria muito grande.

sexta-feira, setembro 21, 2018

É certo que a vida vem em ondas, e é uma coisa louca que eu venha aqui por mais de uma década, escrever. Então, o Blog Azul é uma piscina de ondas. Se a gente for rolando o histórico dele, é possível identificar cada tamanho de onda, cada cume dela e cada vez que ela vai lá embaixo, numa volta, e recomeça a subir. É uma grande piscina de ondas, não de marolas.
E estou vendo-imaginando que cada onda tem a sua atmosfera, algo que brota dos textos-dela e que tem um jeito típico, que não seria possível em outra onda e tudo. Porque ela é e tem um caminho, que não volta. Apenas tem continuidade. Então, por exemplo, estou pensando nas Cartas para o Edil  do fim dos ano 80 e início dos 90. E que foram surpreendentemente publicadas na revista Amarello, nº #29, acho que mês retrasado. Elas tem um clima que não repito aqui, que não repetirei mais em lugar nenhum. Porque é uma outra piscina, como são outros, os textos do Diário da Piscina. Eu sei que deve haver um estilo, uma marca que seja minha e que isso serve de canal entre todas as minhas piscinas e que faz conexão também com todos meus outros tempos e lugares. Ao mesmo tempo, também com textos de outras pessoas e de outros estilos.
Poderia dizer que são ondas do mar. Não são.
Veja:


quinta-feira, setembro 20, 2018


Então, ninguém entende de política. Eu fico vendo as pessoas falando na minha bolha e todos têm um discurso voltado para os candidatos com plano de governo que considere as minorias e, ao mesmo tempo, com uma política econômica inclusiva, tipo, todo mundo com a possibilidade de uma vida razoável.
Eu mesmo, que não entendo de política, me posiciono e votarei no Guilherme Boulos, que é um candidato, de meu ponto de vista, mais radical, porque aparece pra mim como um cara mais direto, sem rolo e é isso. O outro candidato reverso à minha bolha e que diz que vai governar para a maioria, portanto, a maioria vai votar nele, deverá ganhar as eleições. E isso será o justo, não há o que fazer.
Vamos ao segundo turno.

quarta-feira, setembro 19, 2018


A gente foi ver uma peça em que um trans-mulher pegou pra si a representação de Jesus, pra se dizer expulso sem razão da nossa sociedade. Aí, pegou logo um personagem principal e grande pra ser e desse jeito dizer, ué, por que não, muito sexo?
E tinha uma platéia enorme de estudantes, uma plateia que com certeza não se formaria há 20 anos atrás. Então, eu pensei que é preciso ter uma platéia formada antes de se formar um espetáculo. É preciso haver um rebuliço antes, fama, a fama de Jesus, para que se formasse o auditório. Não fosse assim e jesus seria um São Monteiro qualquer. E, aí, não sei, por que Jesus ficou tão famoso? O caso é que o autitório ficou lotado de estudantes para ver Jesus. E era uma mulher-trans.
Pronto! Pra mim, ta dentro.

terça-feira, setembro 18, 2018


Ontem, mandei As Vizinhas de Trás – max para Vila Velha, ES, pra Fernanda. A moça dos correios me cobrou um preço absurdo para o envio e, quando lhe falei que eu tava me sentindo roubado, me disse que é a nova política. Ela me perguntou se eu poderia dobrar as Vizinhas, porque o que encarecia era o comprimento das bichanas. Não, não podia.
Então, a política dos preços  de envio deixou de considerar apenas o peso, para considerar também o comprimento. Isso me lembra, quando começaram a cobrar laranja por peso, ao invés de quantidade, a dúzia. Banana também era dúzia. Porque a lógica da política de preços é qual?


segunda-feira, setembro 17, 2018


Ainda, nas coisas que vêm se formando sem que a gente se dê conta e, por isso, nos pegam de surpresa, ontem, a noite se formava sobre a ponte, quando o Pedro disse:
            - O carro vai parar, tou sentindo alguma coisa errada com ele – e aí, foi levando o bichano pra pista que ladeia a balaustrada, ali, rente onde os suicidas se jogam no mar da baía. E o carro parou.
Eu disse:
- O que tem de fazer? Tem aquele ícone de sinalizar pra os outros carros que a gente ta parado aqui?
- Não, não tem. Desça e vá lá atrás, sinalizando com a mão, pra eles, enquanto eu vejo o que aconteceu. Vou abrir o caput.
E quando eu saí do carro era a surpresa total. Já era noite. A gente no meio da ponte, eu sinalizando aos faróis em alta velocidade para irem mais à direita e pra que se desviassem da gente, a cidade toda iluminada e iluminando pesadas montanhas de nuvens sobre o cristo, sobre ela, um vento forte batendo. E eu no meio sonho e meio pesadelo da situação, os automóveis vindo em alta velocidade, os que vinham atrás dos primeiros não me viam fazendo sinal, estava perigoso e lindo.

domingo, setembro 16, 2018


A gente fica surpreendido com umas coisas que aparecem na gente, porque não as vê se formando. Então, quando vê, já é. E, aí, tem de lidar. Ontem, à noitinha, eu tava me sentido bem estranho, assim, deslocado, sem saber me explicar bem, me sentindo, assim, mal. Uma hora depois disso e sem que eu tivesse me drogado, bebido água ou comido nada, eu comecei a me sentir muito colocado, e dizendo exato, eu tava me sentindo foda!
A gente não vê as coisas se formando e elas aparecem de surpresa, enquanto estamos ligados noutra coisa. E a impressão é a de que sempre estamos lidando com o desconhecido. Então, agora, pra escrever aqui no Blog Azul, a tentativa é de me dar a situação, tentar me situar no que veio se formando e no que é e está, no momento, agora.
Estou fazendo um uso prolongado do Bactrim. Eu me esqueço das alterações físicas, na minha carne, no meu sangue, que vão se configurando no meu corpo, para que eu tente, com ele, o Bactrim, que minha uveíte não se desenvolva, outra vez. Três vezes por semana, tenho tomado os dois comprimidos brancos, redondos, achatados, grandes, dele. E não estou me dando conta do que está se modificando, ou do que ele está ajudando a modificar, lentamente, para que a uveíte não volte. Quando eu for olhar, minha nova configuração já se formou.


sexta-feira, setembro 14, 2018

Eu disse, na semana passada, de minha faxina ter se transformado na busca por uma foto dentro de um livro. Uma foto que eu adoro e que, depois de ser encontrada, pedi ao Pedro que emoldurasse. Quero tê-la de lembrança na minha parede. Acontece que, além de não ter mostrado a foto naquela postagem, também contei ao meio a estória dela.
O Núcleo Canção da UFRJ tem, há mais ou menos, um ano, um programa de entrevistas com artistas da música, que ainda não tinham sido de interesse da universidade. Chama-se Escuta. E me tornei o transcritor dessas entrevistas, porque fui o primeiro entrevistado - https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg – e, daí, transcrevi minha própria entrevista. Como curti, pedi pra que eu transcrevesse outras também. Atualmente, tou transcrevendo a do artista Caio Prado.
Na minha entrevista, os entrevistadores, na época, Rafael Julião e Isabela Bosi, puxaram o veio do filme La Nave Va – minha música com Manoel Gomes - e indo por ele fomos vendo que o disco Poema Maldito poderia ter a ver com a viagem funeral da cantora do filme. Na entrevista, eu me lembro de ter falado que meu disco não é um disco triste e que eu não conseguia entender porque os amigos que ouviam, diziam ter vontade de chorar. Porque, eu dizia, a minha música é cheia de pensamento e isso, o pensamento, é avesso ao choro. Bom, pode ser que isso não seja a verdade.
Um tempo depois, eu quis fazer a foto com esse motivo, porque essa estória do navio, do barco, da música, do pranto, do sofrimento, do pensamento e da morte, é tão cheia de mistério. E a usamos, há um ano, para o lançamento do livro Diário da Piscina, em Vitória – ES.
Vejam:

quinta-feira, setembro 13, 2018


Tenho pensado que minha produção de música e livro – e agora tenho feito As Vizinhas de Trás – desde o início não tem nenhuma intenção combativa. É mais uma queixa. Ou registro. Um mimo que tenho pra mim mesmo, pra eu ter um mínimo de alegria e tudo.
Para se fazer combate, é inteligente que se tenha ordem e disciplina. Que haja um plano, mapas de combate, planilhas logísticas, qual será a movimentação no front, qual será na retaguarda, uma coisa de olhar pra tudo de fora, do alto, com a impressão de se estar dominando pra, enfim, a intensão de dominar. De ganhar o território.
Para meus registros e queixas, tudo pode se dar no caos. Embora, quando emarenhe demais, eu, literalmente, perca um tempo arrumando a casa.
Dessa vez, no primeiro dia limpei o peitoril das três janelas e o altar que tenho em meu quarto, ao lado da cama. Porque são coisas de pedra. Demorei três dias pra deixar o restante do apezinho, tudo, minimamente limpo. Então, ficou tudo mais fresco e bom de respirar. E o vento mais fresco que tem vindo do sul, sem ser combatente, sendo como eu, dominou tudo aqui.

quarta-feira, setembro 12, 2018


Faz muito tempo, quando morava em Papucaia, escrevia muito sobre minhas viagens de ida e volta, para vir estudar, que eu ainda tava terminando a minha graduação na UFF. E lembro de ter usado uma palavra pra me referir àqueles cortes nas colinas que as estradas fazem para passar.
Depois, quis usar de novo essa palavra e não consegui. Me vinha a imagem dela, sem forma definida, e eu tentava pronunciar o som, mas o que me vinha não era suficiente. Ela vinha na boquinha de garrafa e não terminava de sair, não saía.
Isso dela vir pra fora e eu conseguir usá-la, aconteceu outras vezes, além e depois das vezes que utilizei ela nos textos que escrevia sobre as viagens NiteróixPapucaia. E, na semana passada, ela se prendeu outra vez dentro da garrafa, não saiu. Dei uma googada no sentido, pra ver se ela estava, fui nos dicionários topográficos, cartográficos e nada.
Quando Pedro apareceu, fui contar pra ele da minha busca e da minha decepção. Aí, enquanto eu contava, ela veio e botei pra fora: Talude.

terça-feira, setembro 11, 2018

Edevaldo - O Que

Ontem, eu tava vendo que eu gosto
muito das letras e músicas do Edevaldo, que o Vitor me apresentou. As suas
melodias são cantadas na casca, onde são mais duras e secas. Mas no fundo
delas, indo mais pra dentro, elas são macias, suaves. E o violão que ele faz, é
lindo demais também, um violão brilhante, com detalhes pedregosos.
Vejam:

O que
(Edevaldo)

O que você quer fazer
O que você quer saber
O que você quer falar
O que você está fazendo
O que você tem
O que você não tem
O que você quer  
O que você não quer?
O que você quer  
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer  
O que você não quer?
O que você quer  
O que você não quer?


O que você quer fazer
O que você quer saber
O que você quer falar
O que você está fazendo
O que você tem
O que você não tem
O que você quer  
O que você não quer?
O que você quer  
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer  
O que você não quer?
O que você quer  
O que você não quer?

O que você tem
O que você não tem
O que você quer  
O que você não quer?
O que você quer  
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer  
O que você não quer?
O que você quer  
O que você não quer?






segunda-feira, setembro 10, 2018


Eu fiquei muito Feliz com As Vizinhas de Trás – max, que fiz para a Fernanda. E que hoje pela manhã autentiquei a assinatura pra lhe enviar a tela, em Vila Velha. Mas quando Pedro foi embrulhar pra eu colocar no correio, manchou sua mão de vermelho. Aí, voltei com ela pra minha parede, para que se seque melhor:






domingo, setembro 09, 2018


Há um tempo, começaria escrever aqui, no Blog Azul, está um dia de domingo belíssimo em Niterói, com os passarinhos engaiolados do Vizinhos do Térreo gritando. Depois, diria que algum Vizinho de Baixo entrou no prédio batendo com força a porta de metal da entrada, subiu os primeiros degraus do prediozinho, silenciosamente, e desapareceu sem que eu conseguisse notar se sumiu para dentro do 201 ou se para dentro de 202.
Da forma como escreveria há um tempo atrás, escrevo agora, porque os dias belíssimos de domingo ão de se repetir muitíssimas vezes pela existência dos dias, vida afora. E não há motivo que me faça escolher dizer as coisas do domingo de outra forma que não essa.
É isso.

sexta-feira, setembro 07, 2018


Comecei a reparar que eu perdia uma ideia já faz tempo, isso não é novidade, agora. Tem algumas que ainda nem terminaram de se formar e já se desintegraram. E, aí, quando você vai pegá-las, elas já não estão mais lá, não existe mais corpo nenhum onde elas estavam. Quando eu era criança, a sensação era a mesma da que eu tinha, quando levava um tombo.
Então, preciso fazer as coisas na hora em que elas me vêm no devaneio. Se não embarco, quando chegam, esqueço. Ainda há pouco me veio na mente introduzir uma música – me veio a música na cabeça – com aquilo que faço na música Velha, que é um bordado de bordão que o Gilberto Gil faz na música “Não chore mais”. Na música Velha, esse bordão da “Não chore mais” cria um efeito diferente pra ele próprio, encaixado no contexto melódico da Velha. E como introdução dessa música que pensei ainda há pouco, ganhava mais diferença ainda. Mas não experimentei fazer no violão, quando essa ideia veio, e me esqueci qual era a música onde queria fazer isso.
Eu sei que outras idéias virão, com e para outras músicas, intuo que isso, esses embriões, virão noutras vezes, porque o pensamento da gente ta sempre indo pra algum lugar, mas, pow, não precisava perdê-los assim, tinha de lembrar, esse, especialmente, chegou há pocas horas atrás, não tinha de ter esquecido.

quinta-feira, setembro 06, 2018


Fazendo faxina:
Tenho aqui, guardando há mais de trinta anos, quatro plaquinhas de vidro, que eram prateleiras de um armário que havia no banheiro da Cabeça de Porco em que morei nos anos 80. Isso é uma coisa muito louca, eu guardo as placas, eu estou lhes dizendo. Só agora é que comecei a me dar conta disso e faz, mais ou menos, um mês, tenho olhado pra elas pensando que vou jogar fora.
            Demoro demais pra fazer a limpeza, porque minha atenção vai pra outra coisa, não consigo manter o foco, por exemplo, quando limpava aqui, onde fica o computer, me lembrei de um, tipo, cartão que o David, através do Sesc Gloria, em Vitória, fez do lançamento do Diário da Piscina que fizemos lá. Ele fez o cartão com uma foto que eu adoro, que é uma foto que eu quis fazer por causa da La Nave Vá (luís capucho/Manoel Gomes), que é a primeira música do Poema Maldito. Então, eu pedi ao Pedro que me fotografasse dentro de um barco, como se o barco fosse o barco do Caronte. E, aí, coloquei a minha Camisa de Fazer Shows, pintei o meu olho, na praia da Eva e Adão, e ele tirou muitas fotos, que eu adoro.
E o tal, tipo, um cartão foi feito com uma dessas fotos. Quando tava aqui limpando, me lembrei que o tinha colocado dentro de um livro. E a limpeza se transformou por mais de uma hora na busca pelo livro. Qual livro eu não sabia. Apenas teria de achá-lo. Sim, eu encontrei e parece que foi sem querer. O livro não estava aqui, estava na sala.

segunda-feira, setembro 03, 2018


Esse incêndio, ontem, no Museu Nacional foi de enlouquecer uma pessoa, uma pessoa louca que ateou fogo na própria casa, no próprio quarto, na cama, colchão, roupa, no corpo. Alguém disse no jornal que o Brasil se suicidou. Acho que, antes, enlouqueceu. Eu tava vendo no youtube outro dia um documentário sobre uma casa de louco em Minas e que na época do império era casa de repouso de gente rica, mas com o tempo foi virando depósito de gente louca pobre. E que era tratada meio como lixo. O Brasil louco sempre tratou pobre como lixo. E agora tão tratando suas próprias coisas como tal. Deixou queimar a casa do Brasil Colonial. Do Brasil Loconial. Não é pra entender mesmo. Loucura!

domingo, setembro 02, 2018


Pra mim, um livro ou uma música ficou pronto, quando todas as minhas questões com ele-a estão resolvidas. Aí, eu me sinto feliz dizendo, pronto, acabou. E a impressão é de que cheguei mesmo ao fim, quer dizer, que a partir dali, não farei mais nenhuma outra música ou livro. Eu já disse dessa minha impressão de que a última música que fiz e o último livro que fiz, são definitivamente a última música e o último livro que fiz. Depois, isso é desmentido, porque, no decorrer outras questões vão surgindo e termino por fazer outra última música e termino por fazer outro último livro.
Mas As Vizinhas de Trás, não. Elas estão para a eternidade prontas, mas nunca que eu termino de fazê-las! Minh’As Vizinhas de Trás, então, não estão prontas. Por isso, sempre que acabo de fazer uma delas, não tenho a impressão da última. Sinto que ainda vou fazê-las e fazê-las. E ter esse nome genérico para todas, me ajuda na compreesão disso. Porque As Vizinhas de Trás contém todas as telas que ainda não fiz, quer dizer, todas As Vizinhas de Trás que ainda não fiz, estão prontas no seu nome.
Mamãe me adora, contém apenas Mamãe me adora, respectivamente a música e o livro. Cinema Íris, apenas Cinema Íris, Cinema Orly, apenas Cinema Orly. Cada livro e cada música, apenas cada um deles mesmo. Eu mesmo, apenas luís capucho, pronto, acabado, não sou mais que isso.
As Vizinhas de Trás, não, não terminam!


sábado, setembro 01, 2018

Fiquei bem satisfeito com ess’As Vizinhas de Trás – max”, porque elas lembram muito as primeiras que fiz, de anos atrás. E eu tava achando que eu tinha perdido o jeito, mas não, o seu jeito continua o mesmo que havia nelas, no início. Porque eu consigo mais volume, agora, eu tenho mais intenção no movimento que faço com o pincel, agora, eu consigo afinar uma cor, se quero, agora, mas, no fim, o mistério de aparecer a expressão na boca e nos olhos, ainda está do mesmo jeito como aparecia antes. Eu sei, que ainda, na maioria das vezes, esse jeito aparece bravo, parece duro, e a verdade é que todas poderiam se chamar Lindonéia ou Gioconda.
Mas, tranquilo, se chamam As Vizinhas de Trás!



sexta-feira, agosto 31, 2018


Fazendo As Vizinhas de Trás – max. A ideia é pintar sempre elas, sempre as mesmas, como o sol que vem todos os dias. Minh’As Vizinhas de Trás são o sol.  À medida que as vou repetindo e que elas vão aparecendo pra mim e que vou gostando ou não gostando do que elas mostram nas bocas, nos olhares, no nariz, pescoço e cabelos, vou vendo que são simples.
Essas são para a Fernanda. Outro dia, no devaneio, estava achando que As Vizinhas de Trás existem mais do que os livros que escrevi e mais do que as músicas que já fiz. Eu estava achando que elas estão sempre a postos, sempre em sua posição executada, assim, sem ser preciso niguém pra que se formassem. Porque estava achando que estão sempre em suas presenças de fantasma na parede, silenciosas nas salas. Estava achando que os livros e músicas, não, que ficavam mais recônditos. Que só apareceriam pra gente, se a gente lhes soprasse.
Mas acho que, não.


quarta-feira, agosto 29, 2018


Tem uma coisa acontecendo com meu corpo, que fica mais velho. Ontem mesmo, voltei do médico com a notícia de que estou com 50% da capacidade de meus rins. E que um deles está atrofiado. Há pouco, fiz um tratamento pra minha toxoplasmose ocular, que me deixou baqueado. Na verdade, ainda estou no baque do tratamento profilático. Certamente, que há muita coisa acontecendo no meu corpo e que não sei, não consigo intuir, ao menos. Por isso é que vou ao médico, fazer o monitoramento dos efeitos dos remédios que têm me dado sobrevida, desde há mais de vinte anos.
E a relação com os médicos é complicada, porque temos de deixar pra eles, saber e decidir sobre o que temos de fazer pra continuar bem. Só, que são pessoas estranhas à gente. Então, precisamos confiar em estranhos. Isso não é problema, porque sou um cara dócil. O foda é que estão dentro de uma estrutura de tratamento de saúde, que é uma estrutura fria e maquinal, então, preciso escorregar dentro dela untado de azeite.
Há maneiras de fazer isso:
Deixar rolar no “Seja o que Deus quiser”.
Tomar iniciativas que nos deixe correr mais macios dentro da máquina. Pensando agora, uma coisa não nos afasta de outra, porque no fim será sempre o que tiver de ser. Assim, não vou parar de morrer.